O título explica tudo, não? São teorias cá do Ventura, bem-aventuradas (se os visitantes assim o quiserem) e, apesar de paranóicas, até farão algum sentido. E...na pior das hipóteses, pelo menos darão para sorrir.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

(Re)soluções de Ano Novo

Quando toca a pedir, ninguém hesita. Porque no aproveitar é que está o ganho, vai de desejar alguma coisa, aproveitando uma desculpa qualquer. Somos pequeninos e há um dente que dá de frosques…pedimos um desejo! É aniversário e estamos a deliciar-nos enterrando os dentes na “apetitosa” vela…pedimos um desejo! Vemos uma estrela cadente…pedimos um desejo!
Porém, quando chega o Ano Novo...aí abusamos. Sim, que não pedimos um desejo, mas um monte deles. Tomei até conhecimento, nesta passagem de ano, de uma superstição interessante: escrever os desejos numa lista (sem número limitado), que se atira para a fogueira no momento em que batem as 12 badaladas…Ilógico? Se calhar é…tanto como comer as 12 passas, pôr-se em cima de uma cadeira ou usar uma peça de roupa interior azul. Nesse mágico momento zero em que na realidade tudo continua, mas na lógica burocrática da nossa sociedade há um começar de novo, talvez a maior parte das pessoas cumpra tais tradições na onda do “ah…já agora...”; ou seja, diz-se que não se acredita em nada disto…mas mal também não deve fazer! No entanto, no caso de as coisas correrem minimamente bem ou de se concretizarem com os resultados pedidos, fica reforçada a crença nessas superstições e provavelmente no ano seguinte a convicção é maior ainda. A maior dificuldade no cumprimento de todas essas superstições de Ano Novo não será tanto em termos de crença ou não na sua efectividade, mas antes na dificuldade técnica resultante da acumulação de coisas a fazer no mesmo momento: isto é, alguém com dificuldades de coordenação motora pode muito bem comer a lista de desejos, atirar as passas ou a cadeira para a fogueira e pôr-se em cima de um fio dental azul celeste!
Os desejos para o novo ano são sempre de carácter “flutuante”: tão depressa a pessoa deseja a paz mundial e a cura para a Sida como está a pedir um carro novo para si. Talvez seja por acharmos que, apesar de ser moralmente certo desejar o bem para os outros, também não será imoral querer algum bem (mesmo que seja material) para nós próprios. Aprovado. Além disso, estamos conscientes da dificuldade da harmonia à escala global ou da erradicação das doenças (até da malfadada retoma!), pelo que pedir desejos mais egoístas é compreensível.
Não obstante, noutras culturas, o Ano Novo não é momento de pedir, mas sim de prometer. Nomeadamente na tradição anglo-saxónica, o costume é, no primeiro dia do ano, fazer uma lista de “New Year’s Resolutions” (resoluções de Ano Novo), que mais não é do que um conjunto de actividades/atitudes que a pessoa promete tentar cumprir ao longo desse ano, no sentido de ser um melhor ser humano. Seria recomendável, nesta lógica (e julgo que não se faz) que no final do ano fosse avaliada essa lista, no sentido de verificar as intenções não-cumpridas. Talvez o Português, com medo de faltar ao prometido, tenha uma atitude mais “esperta” – é que assim, com os desejos para o novo ano, se as coisas não se cumprirem, a culpa nunca é nossa, é de uma qualquer entidade superior que falhou com a encomenda. Mas vamos supor que Portugal está mesmo decidido a dar de si e que avança para uma lista de resoluções para 2006: seria difícil compilar um conjunto reduzido de intenções realizáveis... Vejamos. “Prometo que vou tentar ter um Governo estável e sem casos”…Muito difícil. Hmm…”Prometo que vou reduzir as listas de acidentes rodoviários causadas por excesso de velocidade ou de álcool (ou das duas)”… Impossível. “Prometo que vou dar a felicidade desportiva a 6 milhões de Portugueses benfiquistas”… Náaaa…não me parece (eventualmente irá haver uma "gripe das águias", como os sportinguistas já dizem, por piada).
Acho que realmente é melhor ficarmo-nos pelos desejos. Exceptuando os meus inimigos (se os houver), desejo a todos saúde, dinheiro e amor, de preferência em doses semelhantes. Mas como a saúde em Portugal está como está e dinheiro nem vê-lo…ao menos que haja amor. (e não, apesar do que parece dizer esta mensagem final, este texto não é patrocinado por nenhuma marca de preservativos)


ok, eu sei que o Ano Novo já está quase na adolescência, mas eu só tenho o blog há dois dias, portanto não podia ter publicado isto aqui antes, ok? que paranóicos, vocês!

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

"Blogjob" - anatomia de um conceito

Olha que agarrou-se-me cá de uma maneira, esta coisa do blog! Agora não consigo sair daqui...Até já fui a correr mandar mensagens a todos os meus amigos, desde o pessoal da minha terrinha de Santa Ana até às minhas ex-camaradas de armas da Tocha ou ex-alunas da Guia! Estou paranóico, é o que é! "É uma necessidade de atenção", diria um qualquer psicólogo-de-trazer-por-casa. Apareceu-me aqui este espaço para onde posso "despejar" tudo o que me der na gana e agora não "deslargo"! Como diriam a rir as caras Jandira ou Eugénia, ainda "hádem" ver que este blog vai ser um centro de frenética actividade intelectual. Ou então não.
Esta palavra "blog" a mim faz-me lembrar várias coisas, qual delas a mais sinistra.
À primeira "escutadela", parece-me designar uma condição médica exótica, do tipo: "Olá, sou o dr. Paulo. Lamento informar, mas a senhora tem um blog alojado na cervical e devíamos operar de imediato. Infelizmente, como esta semana isso não me dá direito a viagens, mandamo-la para casa, tome este laxante e reze para que ele saia por si mesmo, com os gases."
Por outro lado, também me sugere uma qualquer espécie rara de animais, do estilo: (para ler com sotaque brasileiro, na onda National Geographic) "Olá. Estamos aqui, no deserto do Djibuti Oriental, onde existe uma variedade de papa-formigas de tromba rosada, de nome científico "Blog Deserticus". Esta espécie se alimenta de areia, uma vez que as formigas se mudaram para o deserto do lado, pois estavam fartas de ser comidas."
Ainda pior é a parecença de "blog" com "blow", palavra esta muito recorrente no "job" de certas trabalhadoras independentes cujos préstimos são oferecidos maioritariamente em bermas de estradas nacionais. Já estou mesmo a ver, um daqueles camionistas de décadas, bigode decorado com molho da bifana, com os belos dos calendários playboyescos na cabine, a parar junto a uma dessas meninas e dizer: "Olá jeitosa! Então como é que está o câmbio? Quanto é que levas por um blogjob?" (bem, não que muitos desses camionistas saibam inglês, mas a bem da concretização da piada, vamos supor que sim, ok?).
É capaz de ser uma teoria um tanto ou quanto paranóica, não?

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Podem (não) repetir, se faz favor?

Pior ainda do que os apertos de ver o meu Benfica a arrastar-se em campo ou a passar de dominador a submisso a partir dum passe errado (é uma coisa estranha, este fenómeno maso-futebolístico), são os nós televisivos que me apertam a barriga (e que não raramente me obrigam a sentar-me no frio tampo da chaise sanitaire), cada vez que me preparo para assistir a alguma das minhas séries de culto e os sacanas dos canais respectivos resolvem brincar comigo...Lá num qualquer espaço de 3m2 deve estar o técnico (será que é esse o nome?) responsável por colocar a fita do programa naquela hora; como deve ter uma vida tão frustrada, decide : "Olha, já que não tenho qualquer aventura na minha vida amorosa desde aquela rapidinha com a ovelha do tio Euclides nas férias de Verão de mil nove e setenta e nove, deixa-me cá lixar (com f) este pessoalzinho todo...é uma coisa quase orgíaca!" Ou isto ou está tão podre de sono por passar horas intermináveis lá fechado no cubículo com as pilhas de cassetes à volta, que acaba por trocar tudo. Sim senhor, eu entendo que um canal por cabo tem que repetir episódios, em horários diferentes, para poder assegurar a sua programação. Mas EM HORÁRIOS DIFERENTES! Agora, se eu sigo uma série todos os dias às 18h (uma série que tem sequência, não uma qualquer sitcom, cuja ordem de episódios é irrelevante), porque raio hão-de começar a baralhar tudo? Passam hoje o episódio 64, em que certa personagem deu à luz no mesmo momento em que o irmão teve um acidente fatal, e amanhã dão o episódio 22, em que o bebé da tal personagem volta para a barriga da mãe e o irmão já morto ressuscitou sem qualquer marca!!!

E isto não é paranóia minha!
Recado: arranjem uma companhia para o tal desgraçado que tem que meter as cassetes. A sério.