O título explica tudo, não? São teorias cá do Ventura, bem-aventuradas (se os visitantes assim o quiserem) e, apesar de paranóicas, até farão algum sentido. E...na pior das hipóteses, pelo menos darão para sorrir.

sábado, abril 08, 2006

Experiência Madrilena

Visito Madrid em duas ocasiões e fico espantado. Mas não apenas no sentido positivo. É claro que contemplo, de olhos quase esbugalhados, esta cidade grandiosa, com uma imponência que resulta do casamento entre a sua longa história e a modernidade da sua vida cosmopolita. (É uma espécie de prolongamento do enlace entre o pesado príncipe Felipe e a muy fresca Letizia...) É óbvio que abro a boca de espanto (Aaaaaaaaaaah...) perante os gigantescos e bem preservados edifícios de ar respeitavelmente centenário (ou bi...ou tri...ou poli...). É lógico que me deixo assoberbar pela densidade de museus por metro quadrado e pela riqueza cultural que neles se encerra. ("Olha, fui ao Prado."; "Ai sim? Então e já estás curado?" No comments.) É indiscutível que me surpreendo pelas dimensões quase-faraónicas (ou será hercúleas?...) das manchas verdes que oxigenam a capital de nuestros...medios-hermanos. E já agora (porque não admiti-lo?), é inquestionável que me faz alguma confusão a quantidade de estabelecimentos comerciais de marcas multinacionais que nos assalta, em ruas consecutivas e que lança, sem piedade pela escassez da carteira lusa, o ardil do "Compra aqui qualquer coisita!", em esquinas e avenidas vizinhas, num sem-fim de apelo consumista. Tudo o que é grande, é mesmo em grande. Mas, quando eu, como a maioria dos Tugas, já preparava a minha conversão ao "espanholismo" e estava prestes a achar que realmente os Espanhóis estão melhor que nós em tudo...eis que me salta à vista (e não a vista...) o pormenor. Olho para o chão (sim, para o chão!) e reparo...A única coisa que faz concorrência ao aparente luxo de tudo aquilo que atrás referi é...(rufo!)...adivinharam! O lixo. Ao contrário do que a se possa pensar, de facto, senhoras e senhores, meninos e meninas (niños y niñas, chiquitos y chiquitas, chavalos y chavalitas), é o caos. As estações de metropolitano são o exemplo acabado (e "acabado" é a palavra exacta...) da badalhoquice que pauta a vivência nesta cidade. E não é só a sujidade inerente ao espaço em si, resultante de fumos e outras substâncias libertadas. São os papeis pelo chão, os azulejos engordurados, o sufocante odor de um sistema de aquecimento certamente programado para a Lapónia. Apre! Mas em algumas ruas, o caso não melhora:(pede-se aos leitores mais susceptíveis que vão agora apanhar ar...) há até locais em que alguns cidadãos decidem transformar uma escada num urinol público, com direito a poça tipo lago Ness (com "monstro" castanho incluído) e a cheirinho Patchouly. E os cafés e pastelarias? Bem, nem vos conto. Ou melhor, conto (senão para que é que estava a escrever?). Se passarmos de manhã cedo, o aspecto dos estabelecimentos até que nem desmerece. Agora, meus amigos, se passarem durante a tarde, irão perceber porque é que eles chamam "bodega" a esses locais. É um remoínho de guardanapos e beatas no chão de tal ordem que é difícil de descrever. Por falar nesses estabelecimentos de cariz alimentício, fiquei desolado com as "especialidades" espanholas. Pensava eu que a cocina aqui do lado seria tão rica (ou mais) do que a nossa dieta sopengo-bacalhoeira, mas qual quê! É só sandes e petiscos. (Valha-nos a paella!) Passei por um conjunto grande de restaurantes e a diversidade...Diós mio! Bocadillos, tapas e doces enlatados...Tapas, bocadillos e doces embalados...Doces empacotados, tapas e bocadillos... Nem sei como é que os clientes se conseguem decidir...Mil vezes preferíveis os morfes cá do burgo!...

Realmente, lá diz o povão e com razão: "De Espanha, nem bom cheiro, nem bom cozinheiro!" Hmm...Parece-me que há qualquer coisa que não bate certo neste dito...Bem, mas o povo é que sabe.

quarta-feira, abril 05, 2006

Escarradores (quase) Profissionais...


"Em Haia, as pessoas são tão asseadas que, quando têm vontade de escarrar, metem-se no comboio e vão ao campo"
(Georges Courteline)

Ora aqui está uma bela frase, mais do que adequada para designar o comportamento de alguns indivíduos extremamente desocupados e com uma vida sexual garantidamente diminuta que dão pela designação de "Anti-bloguistas." Porque no fundo é isso que eles fazem, não é? São tão perfeitinhos nas suas minúsculas vidas que, como forma de escape, adoram meter-se na "carruagem-mistério " do comboio internético e desatar a escarrar em tudo o que se lhes depara, paredes, caras, papeis, sem um mínimo de decoro ou de noção de justeza crítica. Mas na verdade, esse líquido esverdeado que lhes sai de uma garganta chamada teclado não é mais do que a expressão de complexos irresolvidos, pois que é preferível tentar sobrepôr-se, derrubando, do que fazendo algo maior. Ora, no fundo, como diria Valerie Solanas, "O prazer que disso retira está perto do zero. Não passa de uma mecânica, de um pirilau ambulante", algo que é preciso agitar para que se veja que existem. Sim, porque se não fossem (mais ou menos) visíveis dessa forma, não era concerteza pela sua qualidade criativa que se viriam a destacar. A continuarem a portar-se como pirilaus sem fibra e pouco inventivos, não se admirem se amanhã forem tratados como curiosidadezinhas para deitar fora. Se querem fazer crítica, que a façam de uma forma mais elevada, a bem da vossa reputação (se é que querem ter alguma). E já agora, matem a minha curiosidade: como é que vocês, os críticos "anti", tudo sabem, tudo vêem, tudo dizem e tudo remexem, nem por isso deixam de pensar? É obra!Mas enfim...sempre vão lendo aquilo que nós, os bloguistas identificados, escrevemos, o que já não é mau de todo...É como se nós fizessmos a sopa de que vocês se alimentam: mas será que não tem um sabor azedo, depois de nela escarrarem? Bem, se calhar é sopa à holandesa e pode haver quem goste.Parece-me mal. Mas quem sou eu para dizer? Vocês é que tudo sabem...