O título explica tudo, não? São teorias cá do Ventura, bem-aventuradas (se os visitantes assim o quiserem) e, apesar de paranóicas, até farão algum sentido. E...na pior das hipóteses, pelo menos darão para sorrir.

quarta-feira, abril 26, 2006

Euphemismus Intestinalis

Às vezes, quando estou sentado na sanita, esforço-me por organizar os meus pensamentos. Outras vezes, simplemente esforço-me. E não sei qual das duas situações é mais trabalhosa. É que, parecendo que não, o carácter laboral de ambos os esforços revela-se assaz exigente.
No entanto, apesar de habitualmente conseguir visualizar meia-dúzia de pensamentos mais ou menos coerentes durante o tempo da chamada "necessidade sólida" (ou não...), já não sou do género "espera lá que vou só ali à casa de banho ler este calhamaço de 200 páginas e já venho". Não. Essa lógica da leitura WC eu nunca entendi. Até porque é preciso alguma concentração para fazer "aquilo que ninguém faz por nós." E usar parte do poder de concentração para nos dedicarmos à leitura deve, na minha opinião, causar um certo curto-circuito entre cérebro e órgãos intestinais, o que provavelmente explica o cerimonial demorado que muita gente protagoniza quando se "alivia". Isto porque o cérebro deve passar o tempo: "Activar olhos... ler... espera lá, então e agitar os intestinos? Ok... Ora agora activar o quê?... Ooops, tenho que virar a página... activar dedos... aguenta, esfíncter, só mais duas linhas... agora vai... Ora bem... Mudar papel... Então mas é o higiénico ou o das páginas do livro?...Socooooooooorro!" Bem, é uma confusão caco-cerebral que não se aguenta. Conheço também quem use o assento sanitário como ponto preferencial para a resolução de palavras cruzadas ou Sudoku (e que passatempo mais adequado para se fazer quando se está a expelir algo pelo respectivo?...). Mas continuo sem perceber como conseguem...Bem, provavelmente fazem apenas uma ou duas palavras ou colunas de números por "sessão", talvez entre cada "espasmo", o que faz com que se demore possivelmente 3 ou 4 semanas a acabar todo o quadro. Ou isso ou é vice-versa e permitem-se uma "contracção intestinal" entre cada palavra ou coluna de números e, assim sendo, andam 3 ou 4 semanas com a defecação atrasada...
Já que falo neste fenómeno tão culturalmente rico (e olfactivo...), não posso deixar de falar dessa instituição que são as casas de banho públicas. Pelo menos no caso dos WCs masculinos (os que conheço), a riqueza intelectual de quem as usa é de um nível dificilmente qualificável...como dizer? Digamos que os escritos riscados ou gravados em baixo-relevo nas portas equivalem mais ou menos ao que os seus autores deixam escoar esgoto abaixo...E o que é aquilo de desenhar falos por tudo e por nada, fazendo ameaças (ou promessas, dependendo do leitor) homossexuais a tudo e todos? A oferecerem-se para contactos íntimos com outros homens?! Caríssimos intelectuais da área casadebanhóide: já que optaram pela via "grunho-macho man" de se exprimirem, ao menos gabem-se das vossas conquistas femininas! Ou então escrevam umas piadas ou números de telefones de gajas giras. E já agora, sem erros ortográficos, do tipo "Sou guei" ou "Gosto de ómens" (afirmações verídicas, que li em WCs de centros comerciais ou de estações de serviço)... É que para erros já bastam os vossos pseudo-desenhos playboyescos de qualidade zero. Se tanto!
Giras mesmo são aquelas piadas escritas na porta a letra miúda, do estilo: "Se estás a ler isto, é porque já estás muito afastado da sanita...portanto deves estar a largar as 'alheiras' para dentro das calças." É de génio ou não é?... Já sei o que estão a pensar...mas não, não fui eu que escrevi.